OTELO
Quem minha angústia suportar, prefira
Quem minha angústia suportar, prefira
A morte, redentora, á desventura
De não poder, nas vascas da loucura,
Distinguir a verdade da mentira.
Infrene dúvida, implacável ira,
Esta que me alucina e me tortura!
- Ter ciúmes da luz, formosa e pura,
Do chão, da sombra e do ar que se respira!
Invejo a veste que te esconde! A espuma
Que, beijando teu corpo, linha a linha,
Toda do teu aroma se perfuma!
Amo! E o delírio desta dor mesquinha,
Faz que eu deseje ser tu mesma, em suma,
Para ter a certeza de que és minha!
In: Martins Fontes, José. Verão. 5ªed. Caldas da Rainha, Martins Fontes – Portugal, 2008, p.145.
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