José Martins Fontes (O Terceiro do Nome)

PRÍNCIPE DOS POETAS SUL-AMERICANOS

"COMO É BOM SER BOM!"

sábado, 7 de maio de 2011

Leopoldo Fróes e Martins Fontes

Os dois melhores de sua época: o ator e o Poeta.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

OTELO

Quem minha angústia suportar, prefira
A morte, redentora, á desventura
De não poder, nas vascas da loucura,
Distinguir a verdade da mentira.

Infrene dúvida, implacável ira,
Esta que me alucina e me tortura!
- Ter ciúmes da luz, formosa e pura,
Do chão, da sombra e do ar que se respira!

Invejo a veste que te esconde! A espuma
Que, beijando teu corpo, linha a linha,
Toda do teu aroma se perfuma!

Amo! E o delírio desta dor mesquinha,
Faz que eu deseje ser tu mesma, em suma,
Para ter a certeza de que és minha!

In: Martins Fontes, José. Verão. 5ªed. Caldas da Rainha, Martins Fontes – Portugal, 2008, p.145.

domingo, 24 de janeiro de 2010

SIMPLICIDADE

Chove. Sombra e silêncio. Que saudade
No coração vazio…
Há na minh’alma a dúbia claridade
Deste dia sombrio.

Pelos húmidos vidros das janelas,
Baços pela friagem,
Vejo a dança das folhas amarelas,
Ao balanço da aragem.

Acaso eu amo, para sofrer tanto
Esta mágoa profunda?
E olho cair a chuva, como o pranto
Que os meus olhos inunda.

A alma, deserta. A estrada, erma e tristonha.
E recordo o passado,
No vago misticismo de quem sonha
Um sonho abandonado.

Invade-me a tristeza, indefinida,
Dispersa no ar, lá fora.
Penso numa mulher, quase esquecida,
Que muito amei outrora.

A ária da chuva, tremula, de leve,
Tamborilando, passa.
E, docemente, a minha mão escreve
Um nome na vidraça.

Brilham as letras, vivas, irisadas
De efémeras cambiantes,
Mas, em pérolas finas transformadas,
Escorrem gotejantes.

E o coração, no cárcere do peito,
Ouço, de quando em quando,
Soluçar, vendo em lágrimas desfeito,
Esse nome chorando…

Fria, de cada sílaba pendente,
Uma lágrima desce…
E eis que o nome se apaga lentamente;
Por fim, desaparece.

Tudo, tudo na vida brilha e passa,
Miragem de um momento,
Dando a impressão de um pouco de fumaça
Sobre as asas do vento.

Tu és como este céu, cinzento e triste,
Ó minh’alma viúva!
Tens a mesma tristeza que sentiste
Na música da chuva.

In: Martins Fontes, José. Verão. 5ªed. Caldas da Rainha, Martins Fontes – Portugal, 2008, p.230-232.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

TRISTESSES DE LA LUNE

Ce soir, la lune rêve avec plus de paresse;
Ainsi qu'une beauté, sur de nombreux coussins,
Qui, d'une main distraite et légère, caresse,
Avant de s'endormir le contour de ses seins.

Sur le dos satiné des molles avalanches,
Mourante, elle se livre aux longues pâmoisons,
Et promène ses yeux sur les visions blanches
Qui montent dans l'azur comme des floraisons.

Quand parfois sur ce globe, en sa langeur oisive,
Elle laisse filer une larme furtive,
Un poète pieux, ennemi du sommeil,

Dans le creux de sa main prend cette larme pâle,
Aux reflets irisés comme un fragment d'opale,
Et la met dans son coeur loin des yeux du Soleil.

TRISTEZAS DA LUA

Hoje, a lua, a sonhar, mais pálida e mais fria,
Tem, reclinada sobre os coxins siderais,
O langor feminil de quem acaricia,
Antes de adormecer, os seios virginais.

Sobre o fofo cetim das nuvens, desmaiada,
Nos céus, passeando o olhar, vê surgirem visões,
Que argênteas, no palor da noite iluminada,
Ascendem para o azul, como alvas florações.

Quando, às vezes, na terra, amorosa e discreta,
Ela deixa cair uma gota de opala,
Uma lágrima irial, de tons de catasol,

Sobre a concha da mão, um noctâmbulo poeta
Toma-a, para, furtiva, ir, piedoso, guardá-la
Dentro do coração, escondendo-a do sol.

Original de Charles Baudelaire
Tradução de Martins Fontes
In.: Martins Fontes, José. Verão. 5ªed. Caldas da Rainha, Martins Fontes – Portugal, 2008, p.265.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

“COMO É BOM SER BOM!”

Pode a Língua Portuguesa gabar-se de possuir um Poeta da craveira de Martins Fontes. Pode o nosso idioma enaltecer a sua figura, declamando os seus poemas imortais, como o são: “Na Floresta da Água Negra”, “Marabá”, “Rolando”, entre outras jóias encravadas em toda a sua obra literária.
Pode o puro sentimento da lusofonia estar vivo na escrita de Martins Fontes, primeiro porque é o Poeta de todas as gerações, segundo porque é o Poeta de todas as escolas, escrevendo como Romântico, Simbolista, Parnasiano e Modernista.
Com Martins Fontes a Língua Portuguesa possui mais ritmo, mais harmonia, mais melodia. Com Martins Fontes conseguimos compreender porquê o nosso idioma é tão rico, e como ele ajudou a enriquecê-lo ainda mais.
Com Martins Fontes, médico caritativo, cuja frase-lema “Como é Bom Ser Bom!” acompanha a classe médica brasileira desde 1908, conseguimos perceber como a vida é perfeita, e como é tão simples viver.

A Editora “Martins Fontes – Portugal” recebeu, desde o lançamento da 5ª edição do “Verão”, de autoria de Martins Fontes, ocorrido em Lisboa na CPLP, largas dezenas de pedidos para a imediata publicação da Biografia definitiva desse magnífico Poeta, porém, como o querido leitor deve imaginar, após a minha extenuante investigação de quase vinte anos, essa obra está agora em cuidada fase de revisão, devendo sair a lume apenas quando este processo for concluído com sucesso.

Confesso que também estou “aflito” para que tal publicação ocorra, para conseguir fechar o que apelidei de “Ciclo Martins Fontes”, e assim seguir caminho para outras paragens literárias. Sem nunca abandonar o Poeta pois, graças a essa dita investigação, possuo muito material para subsequentes edições, tanto textuais quanto fotográficas. Que como devem imaginar não caberão apenas num volume biográfico.
Foram outras largas dezenas de admiradores de Martins Fontes que me escreveram, telefonaram, enfim, manifestaram todo o seu desejo em ver publicada a sua Obra Completa, o que também está a ser providenciada, já com dois títulos nas livrarias portuguesas. E é de referenciar a rápida venda de grande parte dessas edições, bem como a sua imediata absorção por parte das escolas portuguesas.
Para concluir, deixo aqui, também a pedido, um veículo de comunicação entre os leitores de Martins Fontes e a sua literatura, enquanto o lançamento da Biografia e a reedição da Obra Completa não ocorrem.
Escrevam, comentem, manifestem-se, façam deste Blog um elo de ligação entre o Poeta grandioso e o vosso coração.